terça-feira, 27 de maio de 2008

Estou cansada, saturada, e mais cansada, e os olhos parece que se fecham sem eu querer, e teimam tanto em fechar que eu só quero fechá-los, mas não posso, parece que me arrasto e depois fico desatinada, tanto estou bem como estou mal, tanto estou a rir como a chorar, não admira que ele tenha medo de ser esquartejado pelas minhas hormonas, eu própria acho que estou a ser esquartejada por elas, devagarinho, aos pouquinhos para não se dar conta. Chego a um ponto em que não sei se é mesmo cansaço ou se é só cansaço provocado pelas hormonas - andar aos altos e baixos durante um dia inteiro, semanas a fio, não é coisa fácil de aguentar. As mulheres perceberão melhor a imagem, os homens que lidam com elas de perto também devem conseguir: imaginem que alguns dos sintomas da tensão pré-menstrual, em vez de uns dias, duravam semanas ou meses... Pronto, é mais ou menos isto que eu sinto, mas é muito mais complexo do que isso. Só queria ir de férias, mas queria ir teletransportada, sem ter de fazer malas, sem horas de viagens, sem telefonemas para ver se há vagas, sem pensar mesmo em nada, como se as férias viessem ter comigo.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Diálogo na Segurança Social, no momento da entrega dos papéis para pedir o novo subsídio pré-natal, criado pelo Governo para incentivar a maternidade:

O senhor da SS, ao olhar para a declaração de rendimento - Ah... é trabalhadora independente?
Eu - Sou...
O senhor da SS - Ah... mais uma que não vai receber...
Eu - Porquê, os trabalhores independentes não têm direito?
O senhor da SS - Não têm recebido. Você não viu nos jornais? É que eles consideram os rendimentos dos trabalhadores independentes como sendo lucro...

Vim de lá um bocado indignada. Os cerca de 50 euros que, de acordo com a simulação da SS, eu devia receber, iam ajudar pelo menos a pagar uma parte das consultas e exames pré-natais. Mas, afinal, isto não se ficará por aqui. Não é só o abono pré-natal que não vou receber. Depois da criança nascer, parece que também não terei direito ao abono de família, como fiquei a perceber melhor depois de encontrar esta notícia do Correio da Manhã:

27 Abril 2008
Prestações familiares
500 mil perdem abono
Meio milhão de agregados familiares perdeu o direito ao abono de família. O facto surge porque a Segurança Social considera que os rendimentos dos trabalhadores independentes são constituídos por "todos os proveitos sem consideração de quaisquer descontos relativos a despesas, custos ou outras deduções". Uma interpretação que é contestada pela Provedoria de Justiça e por vários especialistas, que consideram estarmos em presença de uma atitude de "má-fé" por parte do Estado. Segundo apurou o Correio da Manhã junto da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas (CTOC), cerca de 500 mil famílias estão a ser atingidas por esta interpretação restritiva do decreto-lei 176/2003 de 6 de Agosto, que define as bases da atribuição do abono de família.
Segundo contas feitas pela CTOC, e tomando por base um agregado familiar com dois filhos (com direito a abono), as poupanças realizadas pelo Estado com esta medida podem chegar aos 50 milhões de euros por mês.
A lei que define os rendimentos de referência para atribuição do abono de família foi aprovada no Governo de Durão Barroso, quando Bagão Félix era ministro do Trabalho e da Segurança Social. A interpretação dos serviços que considera que o rendimento é igual a todos os proveitos obtidos (sem dedução de custos) está em vigor há três anos, e só agora, com a renovação das declarações de rendimento para efeitos de atribuição de abono de família e com o cruzamento de dados entre a Administração Fiscal e a Segurança Social, é que as famílias estão a dar conta de que perderam o direito àquela prestação social.
'A interpretação feita pela Segurança Social está absolutamente à margem do espírito do legislador. O objectivo da Lei é compensar as famílias financeiramente pelos custos associados à criação dos filhos', afirmou ao CM Domingues de Azevedo, presidente da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas (CTOC).
O Governo tem uma interpretação diferente. O ministro do Trabalho, Vieira da Silva, tem pareceres que validam a interpretação da Segurança Social. No entanto, o ministro considera que este regime tem de ser mudado, 'mas de uma forma integrada'. Aquele governante refere que o Código do Trabalho tem consagrada uma alteração da base tributária para levar em conta os rendimentos e os custos dos trabalhadores independentes.
CASAL PERDE 63 EUROS MENSAIS POR DOIS FILHOS
M. Coelho é uma das contribuintes que está sem receber o abono de família pelos seus dois filhos menores, de 12 e seis anos. Estranhando a falta de pagamento no dia 22 de Janeiro, como habitualmente, dirigiu-se a uma Loja do Cidadão. O esclarecimento chegou, mais tarde, por carta: não tinha direito aos 63 euros mensais porque o valor considerado pelo Instituto de Segurança Social como rendimento tinha sido de 167 mil euros. M. nem queria acreditar: aquele era o valor da venda de pescado congelado da sua loja durante um ano inteiro, sem considerar o custo da mercadoria nem sequer as despesas inerentes a um estabelecimento comercial. Na verdade, o seu rendimento bruto tinha sido de 11 806 euros. 'É uma injustiça. O meu rendimento foi de 11 806 euros e não os 167 mil euros que o ISS considera', afirma ao CM, sublinhando que aquele valor diz respeito às vendas. M. Coelho recorda que paga actualmente 195 euros mensais em contribuições – há dois anos pagava 119 euros –, pelo que tem 'todo o direito' a aceder ao abono de família.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Passou-me tanta burrice pelos olhos e pelos ouvidos durante a última hora que ou mudo de profissão, ou elouqueço. Ou, simplesmente, a profissão acabará por me expulsar do sistema. Se a imbecilidade lisboeta pagasse imposto...