quinta-feira, 18 de setembro de 2008

A bochecha

A médica bem procurou, bem me agitou a barriga para ele se mexer. Ele mexia-se, mas não nos fez a vontade: não mostrou a cara. Deu para ver um bocadinho, uma bochecha. No fim da ecografia, eu e o pai não tivemos de dizer nada um ao outro - ambos tínhamos reparado naquele bocadinho de bochecha fofinha e foi disso que falámos a seguir. Disso e do quase-fanico que tive, ali deitada de costas, de repente uns calores que já não conseguia dizer mais nada...

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Medos

Primeiro tive medo do parto - ainda estava nos primeiros meses de gravidez e já andava a ver vídeos de nascimentos (a Internet tem mesmo de tudo). Depois passou, e comecei a ter medo do pós-parto, mas numa perspectiva egoísta da coisa - será que vou estar confortável, será que me vai doer, será que me vou sentir bem no mesmo quarto com desconhecidas, será que vou conseguir dormir, será que vou ter fome de noite. Há umas semanas, pela primeira vez, tive o primeiro pânico com a reviravolta que a minha vida vai levar: quando ele nascer vou deixar de ser só eu. Durante muito tempo vou ser sempre eu e ele, e passado muito pouco tempo vou ter de ser eu, ele e o trabalho em casa. Hoje, novo medo: será que vou conseguir vesti-lo, e pegar nele, e dar-lhe banho, e mudar-lhe a fralda, e perceber-lhe os choros, e todas essas coisas relacionadas com um ser tão pequenino...

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Os pés

A quem se interroga como sobreviveram os meus pés ao casamento, aqui vai:
A chuva de quinta e sexta-feira deixou-me ainda mais sem alternativa - o único par de sandálias que me servia (se é que se pode chamar sandália a uma coisa que tem pouco mais do que duas tiras) deixou de ser uma opção. Tive de recorrer aos tais sapatos que tinha experimentado e onde me parecia que os meus pés não ficavam tão mal - tive uma semana de trabalho tão complicada que não deu tempo para pensar em mais nada e muito menos para calcorrear lojas à procura de melhores soluções. Entre um trabalho e outro, parei o carro na zona de Cedofeita, passei pela confeitaria para levar o croissant que comi pelo caminho e fui à loja onde sabia que havia o que queria (nunca pensei ir de Crocs a um casamento, mas foi isso mesmo que aconteceu). A coisa até me saiu melhor do que a encomenda: ao ver-me desconfiada da tira no peito do pé, o senhor da loja avisou-me que aquilo saía. Experimentei com e sem tira e, sim senhor, é mesmo isto, em menos de 10 minutos estava o assunto resolvido (nunca demorei tão pouco a comprar uns sapatos, porque com esta barriga já não é fácil chegar aos pés). Quando descobri a solução mágica das meias elásticas durante a noite já não fui a tempo de ir à procura delas. O casamento foi dureza, porque o almoço-lanche foi serviço em pé e não há pés de grávida que aguentem a tanto tempo sem uma cadeira (depois, quando a cadeira chegou, já estava tão descadeirada que o que queria mesmo era um sofá ou uma cama onde me pudesse esticar). Os sapatos até se portaram bem e os pés até não pareciam muito deselegante, mas não haja dúvidas de que incharam: voltei a calçá-los ontem de manhã e estavam tão largos que quase os perdia pelo caminho.

domingo, 7 de setembro de 2008

O meu avô fez 94 anos e sempre que diz a idade dispara um "não tenho dor nenhuma" em jeito de aviso. Também já avisou que quer ver o João jogar futebol (ou terá sido que o vai levar ao futebol?). Ontem, no casamento, olhava para os outros velhinhos de bengala, todos mais novos do que ele, com alguma superioridade. Ontem, para ir ao casamento, baldou-se aos comprimidos e aos litros de água recomendados pelo médico, para poder estar mais à vontade. Comeu camarões e bolo com a satisfação de uma criança e via-se que estava mesmo feliz.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

As sandálias que comprei esta estação, num material super-mole, já a antecipar eventuais males da gravidez, não me servem. Tudo o que se aproxime um bocadinho do peito do pé não me serve, aperta-me nos tornozelos que desapareceram. Lá se foi a solução para o casamento - e eu até tinha saído da loja toda contente por resistir à compra de uns sapatos onde os meus pés inchados não pareciam tão feitos.