domingo, 24 de outubro de 2010

Domingos

Trabalhar ao domingo pode ser mesmo muito deprimente, sobretudo quando nem sequer estamos a trabalhar, só temos de estar aqui e já esgotámos os jornais, as revistas, os blogs, os sites... Sobretudo quando está um frio de rachar nesta sala e nem com o casaco vestido e uma écharpe bem enrolada no pescoço isto se torna suportável. Sobretudo quando o resto da família está em casa à nossa espera e quando tudo o que nos apetecia era lá estar, enrolada numa manta.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O miudo mudou de cama

e eu é que caí da minha, esta noite. Queria levantar-me para ir à casa de banho e deslizei, fui bater com a anca no chão. Ainda me doi.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Folhado

Ontem sugeri ao P. que fizesse um folhado daqueles que ele faz muito bem, que me estava a apetecer muito e ele disse que sim, que ia pensar. Hoje ao pequeno almoço reparei que ele acrescentou massa de folhado à lista das compras. Nham nham!

Más noites

Agora andamos na fase dos terrores nocturnos. Acorda a chorar inconsolável, parece que não nos reconhece, esperneia, não nos quer, chora, chora, até passar. Muito mau.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Luz

E agora? Há duas tarifas bi-horárias à escolha e eu não sei será melhor. Numa delas só poupo durante a semana se puser as máquinas a trabalhar a partir da meia-noite, o que é uma grande canseira - a essa hora já estou deitada, e mesmo para o P., que se deita mais tarde, esperar que a máquina acabe de lavar para estender a roupa ou metê-la no secador não me parece boa ideia, senão o desgraçado passa a noite na lavandaria. Ou seja, não trataria da roupa durante a semana, só aos fins de semana. Na outra tarifa dá para poupar todos os dias a partir das 22h, mas isso significa que mesmo ao fim de semana só podia tratar da coisa a partir dessa hora... e que para passar a ferro nunca aproveitaria a poupança (não, não vou passar a ferro depois das 22h, a essa hora estou mais que morta). Podia ser simples, isto de querer poupar e ser ecológico e eficiente e essas coisas...

Apetece-me

marmelada, e compota de abóbora com queijo fresco. O Outono chegou-me ao estômago. O que vale é que não tenho nada disso aqui, nem em casa, nem sou gaja de ir ao supermercado comprar nada disto, porque o que me apetece é marmelada e compota caseiras. Menos mal, que assim estes desejos de mudança de estação não me pesam na balança.

Não tenho um, tenho três

Três filhos, ou quase - desde que, para evitar as birras do João, tive de começar a tratar o gato-peluche melhor amigo dele e o Mickey-peluche segundo melhor amigo como se fossem meus. Para lhe dar banho, para o vestir de manhã e para lhe mudar a fralda (e para o mais que se vier a revelar útil), tenho de fazer de conta que dou banho aos bonecos, que visto os bonecos e que lhes troco a fralda. Ele fica todo contente com aquela farsa, põe-se logo em bicos de pés a dizer "oão", como quem pede "agora eu, agora eu". Hoje, depois de eu ter fingido que tinha mudado a fralda aos dois bonecos e que dali vinha um grande cheirete, ele deitou-se e disse "mitéi, cocó, pfff".

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Burocracias

Tento avisar o banco que mudei de morada, para a correspondência que me enviam mensalmente não continuar a ir para a morada antiga e sabe-se lá para que mãos. Dizem-me por telefone que a alteração tem de ser feita pessoalmente num balcão do banco. Tudo bem. Mas dizem-me, também, que terei de levar como comprovativo da nova morada uma conta da luz, da água ou a carta de condução. Que são estes os documentos exigidos pelo Banco de Portugal. Carta de Condução? Porque não o BI ou o cartão de cidadão? E se eu não tiver carta de condução? E conta da luz e da água? Então e o contrato de arrendamento não serve?

Ah, e uma declaração de rendimentos também dá, pois claro.

Festa

Já fizemos dois jantares para os amigos na casa nova e o segundo teve direito a copo de vinho entornado na mesa. Já tinhamos jantado, mas ficámos ali a conversar. O João quis regressar à cadeira da papa (não lhe fosse escapar alguma coisa que estivessemos a comer) e entreteve-se a limpar a mesa com uma toalhita. Tanto quis limpar que levantou a toalha para limpar melhor e lá se foi o copo... a toalha ficou numa miséria, um dos assentos brancos das cadeiras nova tem agora umas pintinhas nas quais achei melhor nem mexer, não fosse aquilo espalhar. Ele fica todo contente com as visitas, todo vaidoso a mostrar o quarto novo, e aprendeu a dizer "bincár" (antes, quando nos queria pedir para brincarmos com ele, era um bocado mais tirânico: "senta!"). Nós estamos felizes por nós e por ele e a casa já parece mais nossa (até porque já está mais desarrumada - antes parecia uma casa muito direitinha e perfeitinha onde não vivia ninguém).

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Complicómetro

Primeira noite em que o barulho da VCI me incomodou. Não sei se foi do vento, que tornava o barulho diferente. Ou se era de mim. Porque a dada altura o barulho continuava (nunca pára) e já não era isso que perturbava, era a minha cabeça, sempre a pensar, em tudo, a ir buscar coisas que pensava que nem tinham importância, a pensar, a pensar, a querer descansar e a não conseguir, a achar que sem aquele barulho seria mais fácil desligar, apagar, ir para longe, fugir. Se pudesse nascer outra vez e mudar alguma coisa em mim, eliminava o complicómetro.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Birras

Ontem, depois do trabalho, fui buscá-lo. Antes de ir para casa, paragem no supermercado para ir buscar pão e peixe fresquinho para o jantar. Da última vez que lá fomos, ele até se distraiu a olhar para os "pixus", mas, desta vez, os grandes estrategas de marketing do supermercado tinham ali colocado uma banquinha de livros infantis. E assim começou o "João, anda cá", "Não mexas nos livros", "Deixa-te estar quieto", "Não saias daqui", de tal maneira que quando a empregada perguntou se eu queria que partisse os filetes em dois ou em quatro, tive de lhe responder "Faça como achar melhor" - estava sempre a olhar para ele, mal consegui olhar para os filetes. Na caixa, novo filme, ainda pior: "João, deita-te estar aqui", "João, não fujas", "Olhe que ele vai entalar os dedos", e ele a rir-se, aos saltos, a sair e entrar das várias filas da caixa, a entrar e sair de um fogetão daqueles onde se mete as moedas, as empregadas já a olhar para mim cheias de pena, uma até lhe ofereceu um copo com bonecos a ver se ele parava, alguns clientes a torcer o nariz de reprovação. Para sair de lá, nova crise: eu a dizer vamos embora, ele a querer continuar a pular por todo o lado, como se o supermercado fosse o maior e mais fixe parque de diversões do mundo. Lá lhe disse que iamos procurar o carro e ele interrompeu a ameaça de birra. Junto ao carro, estacionou na porta da frente, a mão colada no puxador que ainda não consegue puxar, eu cheia de sacos, a pedir-lhe para sair, para me deixar pousar as coisas. Pedi meiguinha, pedi com voz firme, e o gajo nada. Pousei os sacos e tirei-lhe a mão do puxador - atirou-se para o chão a chorar, por sorte não aterrou numa poça de água. Em casa a mesma coisa para tomar banho, para comer a sopa, porque não havia banana, porque não queria mudar a fralda antes de ir para a cama.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Paciência

Às vezes falta-me paciência, eu sei que falta. Fico cansada, com sono, muita coisa na cabeça e falta-me a paciência. Outras vezes ele tira-me do sério, mas sei que há alturas em que ele faz tudo para me tirar do sério e eu não perco a paciência, portanto o problema é meu. Depois fica a culpa, o peso na consciência, a vontade de nunca mais me encher de nervos, me irritar, falar mais grosso, mais alto, ralhar-lhe num tom enervado e semi-descontrolado que me faz lembrar a minha mãe - que é o que ainda me deixa mais culpada, porque odiava quando ela me falava assim e fico a odiar-me por estar a repetir a asneira. Ser uma mãe imperfeita é a mais angustiante das imperfeições.

Já está

Já estamos na casa nova. Na sexta-feira houve uma maratona de transporte e arrumação de caixotes, no sábado conseguimos arrumar quase tudo, no domingo mais um bocadinho, segunda ficou tudo pronto e ontem levaram-se os últimos caixotes de plástico (vazios) para os arrumos. Já está tudo direitinho, temos uma mesa nova toda bonita, um micro-ondas e uma tostadeira novos (os velhos pifaram), no domingo comprei flores no Pingo Doce, ontem chegou um secador de roupa que quase parece uma bimby (não sei mexer naquilo e possivelmente nunca conseguirei usufruir totalmente de todas as suas funções). O nosso quarto é um quarto de tamanho normal mas o outro era tão pequeno que este parece enorme, o quarto do João ainda me parece desarrumado, mas pode ser porque é mais do dobro do antigo. Estamos na casa nova e, embora me irrite o barulho da VCI, parece-me que esta desvantagem compensa largamente as desvantagens da outra casa (o soalho velho sempre a ranger, as paredes com humidade, o frio, as máquinas da roupa no pátio a obrigar-me a andar ao frio e outras coisas que nem é bom lembrar). Mas não sei se é porque tive pouco tempo para gozar as novas instalações, porque andámos tão embirrados que nem uma garrafa de vinho ou de champanhe abrimos para celebrar, porque não fizemos uma jantarada para os amigos ou porque a zona é tão diferente que ainda nem me lembro que agora tenho tudo ali bem perto, mas ainda não sinto bem a casa como minha e isso é um bocado estranho.