segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O pai?

Quando eles são pequeninos ficar sem marido é (para além das saudades) muito mau: não há ninguém com quem partilhar más noites, que são muitas e muito más, não há quem olhe por eles enquanto tomamos banho, não há quem pegue neles ao colo para nos afundarmos no sofá ou fumarmos um cigarro enquanto nos convencemos a nós próprias de que ainda existimos, apesar de só convivermos com um ser que pouco mais diz do que "da-da", apesar de estarmos desgrenhadas, cheias de papa e outros restos de comida, sem uma peça de roupa decente, apesar do buço que mais parece um bigode, apesar do cansaço. Quando eles começam a falar e a ter noção da vida à volta deles, ficar sem marido é (para além das saudades) igualmente mau, parece-me a mim, agora que se aproxima uma jornada de pelo menos quatro dias sem ele. Já o estou a ouvir (ao mais pequeno) a perguntar, vezes sem fim: "O Pai?". Ter de responder, durante todos estes dias "o pai foi trabalhar", sem conseguir explicar que ele volta na sexta feira e que sexta feira fica já ali ao virar da esquina (porque o miúdo ainda não tem essa noção do tempo) doi mais do que aqueles dias de quase loucura da solidão do primeiro ano.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Se não entendes, eu explico melhor

Estava eu na árdua tarefa de o sentar na cadeirinha e apertar-lhe o cinto por cima do monte de roupa que trazia vestido quando ele olhou para mim e disse "tásalo?". Eu esperei uns segundos a ver se decifrava a expressão e presumi que se estivesse a referir a um colega da escola. "Gonçalo? Sim, vais ver o Gonçalo". Ele também ficou em silêncio uns segundos, talvez a pensar "ó mãe, tás tola, não percebes nada" e voltou à carga: "chuva?". Eu disse "não, hoje não está chuva" e entretanto fez-se luz: "sim, está sol". No infantário a educadora explicou-me que todos os dias os faz ir à janela ver o tempo, para saberem se está chuva ou sol, e sorrimos as duas ao perceber que ele quis levar a resposta pronta de casa.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A minha lista de presentes de Natal

Tenho uma enorme lista de Natal na minha cabeça e só pode ser por causa da crise porque há anos que não me lembrava de tantas coisas que gostaria de receber:
- a cama (aquela, da Ikea, branca, romântica, linda)
- uma daquelas coisas para alisar o cabelo (não é um secador, mas seca e ao mesmo tempo alisa, presumo que seja um alisador, mas pelo que vejo nos anúncios também dá para fazer caracóis, coisa que eu não preciso)
- um ou dois cestos brancos destes: http://www.ikea.com/pt/pt/catalog/products/10087738
- um daqueles conjuntos de cestinhos de vários tamanhos da Ikea, gama Komplement (mais um conjuntinho não faz mal nenhum)
- um kispo preto (preciso mesmo, o meu está velhinho velhinho, a desfazer-se)
- umas camisolas de inverno quentinhas giras (acho que não gosto de nenhuma das minhas e a que comprei no ano passado e até era porreira está-me gigante, parece um saco)
- um passe-vite

O joão precisa mesmo (ele não sabe, mas precisa) de uma capa de edredon suplemente e de muitos pijamas quentinhos suplentes, porque está sempre a encher tudo de chichi (quem souber de umas fraldas potentes, tamanho XL, também se agradece, porque já experimentei de tudo e nada resiste).

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Comida, que bom!

Ele gosta muito de comer, mesmo muito, tanto que às vezes me assusta. Ultimamente dou com ele a palrar umas coisas imperceptíveis e, lá pelo meio, um "hum, que vom, manana (banana)" ou "hum, que vom, tinas (tangerinas)" e ainda "hum, que vóm, nanás (ananáz), "hum, que vóm, gumã (romã) e "hum, que vóm, sopa". Uns miúdos brincam às lutas, aos papás e mamãs, à bola... o meu brinca às comidas.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

2 anos


Chorou quando chegaram os primeiros convidados, mas depois ficou todo feliz. Riu muito, brincou muito, deu muitos pulinhos de satisfação, foi uma grande alegria vê-lo todo contente com a festa. Roubou batatas fritas do prato do primo, comeu carninha e bolo de chocolate e enfartou-se de gelatina com uma satisfação que só visto. A casa estava cheia (mesmo cheia) e o barulho e a confusão chegaram a parecer-me infernais. Mas quando todos se juntaram para lhe cantar os Parabéns (bem cantados, com força, ritmo e alegria) e ele ficou com aquele sorriso a olhar para o bolo do Mickey, eu pensei que não havia nada melhor do que aquilo - a família e os amigos todos juntos, a celebrar o meu menino.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Senta, mãe!

Ainda não diz frases completas e ainda palra muito em chinês, mas já fala imenso. Diz "oh, mamã!" com a entoação de quem pensa "fizeste asneira", está sempre a pedir "senta, mãe... bincar", quando quer companhia para brincar e de vez em quando dou com ele a cantar "Tatacão (D'Artacão)... petíiiitos (julgo que seja "perigos"). De manhã, quando entro no quarto, diz "bô dia" e quando lhe damos alguma coisa para a mão ele agradece com "biá".

Dois anos, dois bolos

Ele faz amanhã dois anos e se há dois anos me dissessem que eu me ia pôr a fazer bolos (a ideia começou por ser fazer um para levar para o infantário, mas já vou em dois, para depois lhe cantarmos os parabéns em casa, à noite), eu teria dito "nã, vou mudar muita coisa, mas não me vou meter nos bolos, compro na pastelaria que é muito mais simples". Mas eu não fazia ideia do que ia mudar, não fazia mesmo. E, se a coisa correr bem logo na cozinha, fazer o bolo em casa será muito mais simples do que ir com o saltarico encomendar um bolo a uma pastelaria cheia de movimento para, uns dias depois, voltar a pegar no saltarico, entrar outra vez na pastelaria cheia de movimento e transportar o bolo e o saltarico.