terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Porquê?

Não sei se esta já é a idade dos porquês, mas o rapaz já tem alguns acessos de dúvidas persistentes, às quais é difícil de responder porque não se percebe bem a pergunta. A coisa é mais ou menos assim: "Ó mãe, poque é tapatapapa xipititi panda?", "Ó pai, poque é tipititi xapatapata pocoyo?". A noite de Natal passou-a a acordar de hora em hora com estas perguntas, e eu e o pai lá nos levantávamos atordoados para lhe meter a chupeta na boca, dizer-lhe para dormir e pedir aos anjinhos, ao Pai Natal e ao menino Jesus que ele adormecesse de vez (não resultou, foi assim até de manhã). Também está na fase das repetições exasperantes. Quando tinha cólicas e nos dava uma trabalheira desgraçada, a minha mãe assustava-me com os "porquês" e os "ó mãe" que haveriam de vir. Eu achava uma patetice, claro, mas agora fico doida com o eco na minha cabeça quando lhe dá aqueles ataques de repetição do "ó mãe... dassafwdgdrfgjksfd", "ó mãe... dsfdstsregsfdgsfd". Ontem à noite, enquanto lhe mudava a fralda e lhe dava os remédios para dormir, pedi ao pai para lhe aquecer o leite. Ele saiu do quarto disparado (o joão), colou-se ao pai e repetiu mil vezes (ou mais): "Ó Paulo, cecece cecece o leita!?".

Ao telefone

Eu estava na cozinha, ele na sala. De repente começo a ouvir:
- Tous! É o xoaozinho...
E aparece-me à frente com o comando da televisão no ouvido, a repetir "Tous! É o xoaozinho!", como se quem estivesse a ligar do outro lado do telefone imaginário não o estivesse a ouvir bem.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Ufa, já passou

Dos Natais da minha infância lembro-me de estar divertida à volta de uma mesa com braseira com o meu avô, a jogar ao rapa com pinhões e umas bolinhas de açúcar que acho que se chamavam confetis mas posso estar enganada (confetis eram aquelas coisas do Carnaval, não eram?). Lembro-me de acordar de manhã e correr para o pinheiro e para os sapatos que lá tinha deixado para descobrir as prendas, e depois correr para a cama dos meus pais para lhes contar o que tinha recebido. Acreditei no Pai Natal/Menino Jesus até ao Natal em que me deixei ficar acordada e ouvi o barulho dos adultos a tirar embrulhos dos sacos. Depois disso continuei durante muito tempo a gostar do Natal e das prendas, mas depois fiquei triste e agora todo o ritual me cansa - demasiada gente para pouco espaço, demasiada excitação de adultos e crianças, gente que falta e faz falta, demasiadas prendas, demasiada comida que não me apetece comer, a obrigação de estar muito feliz porque é Natal, a vontade de regressar a casa.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Desejos para 2011

Uma cama nova e uma empregada de limpeza, mas acho que aqui estou a entrar outra vez no domínio dos pedidos ao Pai Natal.

Decisões para 2011

- ser mais desarrumada e desleixada com a casa (a preocupação e a necessidade de arrumar está a transformar-se numa coisa muito obsessiva, tenho de começar a controlar-me sob pena de piorar, e a única solução para me controlar é optar pelo deixar andar)
- quando for possível, conseguir ficar a trabalhar até mais tarde sem me preocupar com a eventual falta que estou a fazer ao joão
- conseguir ir jantar fora com as amigas sem culpas porque o miúdo pode sentir a minha falta
- poupar, poupar, poupar, fugir dos shoppings e das compras a todo o custo, limitar os gastos ao absolutamente essencial

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Duende

O meu filho foi o "duenta" mais lindo da festa de Natal da escola, basicamente porque não consegui olhar para mais nenhum, nem para a coreografia, nem ouvir a música, só olhava para ele à espera que ele olhasse para mim, para lhe sorrir e acenar naquela figura ridícula que só as mães conseguem fazer.

A roupa

ainda vai mesmo dar cabo de mim: ontem à noite deixei fugir o estendal (daqueles que estão pendurados no tecto e que se vão levantando e descendo com a ajuda de umas cordas) e aquela coisa caiu em cima de mim, bateu-me nas costas, na cabeça e quase me ia partindo o nariz.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Ressaca

Não saio à noite há séculos, sempre que vou jantar fora ou a casa de alguém faço por vir para casa cedo, não alinho em jantares de Natal, sou uma gaja tão caseira que até chateia. E hoje acordei de ressaca, não sei o que se passou, não sei se foi porque não parei até me ir deitar, mas estive semi-acordada a noite toda e acordei como se me tivesse deitado tardíssimo depois de beber uns valentes copos.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Querido Pai Natal:

Sei que já fiz vários pedidos, mas estive a pensar melhor e o que realmente preciso, o que realmente mudava a minha vida, era uma empregada doméstica. Não são precisas muitas horas, bastava que me passasse a ferro, que o resto eu faço. As horas da minha vida que desperdiço a meter roupa na máquina, a tirar da máquina, a estender, a apanhar do estendal, a meter no secador, a tirar do secador e a passar a ferro, essas horas são o que realmente me custa. Sinto que estou sempre às voltas com a roupa, que quando podia parar e brincar com o meu filho ando a arrastar cestos de roupa de um lado para o outro. Essas horas deixam-me triste, com rugas na testa, sem sorrisos para dar porque estou corroída por dentro do peso da tarefa que, ainda por cima, vou fazendo enquanto faço outras coisas (enquanto faço o jantar, enquanto o joão come, enquanto lhe trato dos mini-lanches de banana, cenoura, tomate e de tudo o resto que ele se lembra antes de tomar banho). Sei que pode ser difícil de entender, Pai Natal. Contado assim nem parece muito lógico que a tarefa incomode tanto, mas o que estou a dizer é verdade - eu seria uma pessoa muito mais leve se conseguisse tirar o peso da roupa de cima de mim. No fim do dia da mulher do ano passado ocorreu-me que, no ano seguinte, em vez de votos de Bom dia da Mulher e outras simpatias do género, o que eu precisava mesmo era uma máquina de lavar a loiça. Ela veio no pacote da casa nova e, embora esteja meia avariada, mudou a minha vida. Agora precisava disto, Pai Natal, mas nem sei se vais receber esta carta, porque a verdade é que ninguém lê este blogue e portanto estou só a escrever para mim mesma. Mas admitir o problema é sempre um primeiro passo para o resolver e, se não for este Natal, pode ser que seja no próximo...

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Chega Dezembro e eu fico assim, com vontade de não fazer nada, de me encolher no sofá embrulhada numa manta até não poder mais, de só sair de lá quando estiver absolutamente farta, já moída de tanto descanso, e apenas me levantar para comer e fazer compras.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Popota

Tenho uma amiga que se lembra de mim quando vê a Popota. Ontem, enfiada no vestiário de uma loja a experimentar roupa enquanto entretia o meu filho com tostas, ele começou a dizer "Popota, Popota". Não sei se fique deprimida ou se me sinta bem porque a nova Popota até é uma gaja gira com uma certa elegância.