sexta-feira, 29 de abril de 2011

A REVOLUÇÃO por UM MERCADO DE TRABALHO FLEXÍVEL continua!

A revolução de 28 de abril por um Mercado de Trabalho Flexível continua hoje, no pbx da Ernestina e no Revolucionar para Flexibilizar e no Facebook, no evento Revolução por um mundo de trabalho mais flexível. Ainda não pararam de chegar contributos. O meu texto está estupidamente na data de 21 de abril, porque foi quando comecei a escrever o texto. Pensei que, ao publicá-lo a 28 de abril, seria essa a data que assumiria, mas não - este blog é muito rebelde ou eu é que não sei mandar nele.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Chuac! O meu primeiro beijo

O dia do cocó (a experiência não voltou a repetir-se, eu sabia que estava a atirar foguetes cedo demais, mas tinha mesmo de o fazer) foi também o dia do beijinho. À tarde, depois de chegar a casa, vejo-o dar um beijo repenicado no peluche de estimação. Também quis um e ele deu. Ainda os dá de forma meio trôpega, e às vezes saem-lhe antes de chegar à cara da outra pessoa, ou não saem. Foram precisos dois anos e meio para ele aprender a dar beijos. Eu percebo agora que receber o beijo de um filho é uma sensação espetacular.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Cocó

Ainda estavamos os dois meios a dormir. O pai a mudar-lhe a fralda da noite para o vestir, eu a acabar de me arranjar para vir trabalhar. Ouço ao longe "vai lá ter com a mamã, que ela está na casa de banho" e de repente tenho o miúdo à minha frente sem fralda. Queres fazer xixi? Sim. Então anda lá. Não, qué fazê cocó. Pronto, então senta-te (no tom de quem acha que aquilo não vai dar em nada).
Já tinha pedido meia dúzia de vezes. Nunca fez nada. Só dois ou três xixis no pote. Na sanita, nada. Com o bom tempo que esteve há duas semanas, pensei que talvez devesse estar a começar o desfralde. Enquanto pensava, veio este tempo de menos calor (para não dizer algum frio, mas isso sou eu que sou uma friorenta) e chuva irritante. Mesmo assim perguntei qual era o plano do infantário relativamente a esta matéria para a qual ando a tentar, sem qualquer sucesso, sensibilizar a criança já desde o fim do verão do ano passado. Disseram-me que acham que ele está preparado, que entende muito bem o que lhe dizem, que quando vier o calor outra vez podemos avançar. Tenho tentado falar com ele sobre o assunto, mas sentia que estava a falar para uma parede. Ontem até mostrou alguma irritação quando comecei a falar de tirar fraldas e usar a casa de banho. Mas hoje lá veio, sentou-se na sanita e fez cocó (também fez xixi, mas ficou quase tudo no body, não sei se conta) e eu comecei a manhã, ainda antes de acordar verdadeiramente, toda excitada por causa disto.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Mulheres: Venha daí essa revolução!

Ponto prévio: Dadas as imprevisibilidades do meu trabalho, estou a escrever este texto antes do dia 28, em várias fases. Sim, eu escrevo posts no trabalho, porque em casa estou sempre com o meu filho, e quando estou com ele é difícil estar parada e impossível estar no computador. Às vezes também trabalho em casa, com o computador ligado, mas aí acho que tenho de aguentar os nervos de ter o rapaz ao colo a tentar alcançar as teclas ou de ter de lhe ralhar para me deixar trabalhar.


Mas, ao que interessa, ou seja, ao repto da Mãe que Capotou e à revolução de 28 de abril por um mercado de trabalho mais flexível.


Eu nem sei se devia estar a participar nesta revolução, mas a Ernestina foi tão convincente e persistente e gosto tanto de revoluções e nunca fiz nenhuma que me rendi.
Na verdade, não gosto muito de ouvir falar em flexibilizar o mercado de trabalho, porque associo a palavra à precariedade e já tive uma boa dose disso (ainda tenho - vou no terceiro contrato, não sei quantas renovações me esperam, ou se o que me espera é um pontapé no traseiro), mas considero que é preciso mudar alguma coisa.
Portugal é dos países onde as mulheres estão mais fortemente inseridas no mercado de trabalho, onde há menos trabalho a tempo parcial, onde elas tem jornadas de trabalhos das mais longas e onde elas passam mais tempo ocupadas com trabalho doméstico. O resultado disto não pode ser bonito. A maior parte de nós trabalha fora de casa a tempo inteiro, tem horários de trabalho exigentes e quando sai do trabalho continua a trabalhar em casa. Não pode ser bonito...
Precisamos de trabalhos a tempo parcial, para podermos escolher. Dizem que as mulheres querem estar no mercado de trabalho, mas que depois se angustiam por não estarem com os filhos. É preciso fazer alguma coisa, não tenho dúvidas - batalhar pelo part time é uma delas.
Eu acho que teria apreciado um part-time depois de o meu filho ter nascido, quando ele ainda era muito pequeno, acordava a meio da noite para mamar e eu andava a trabalhar zombie de sono e com as mamas duras como pedra. Mas arranjei um full time por conta de outrem quando ele fez quatro meses e foi a melhor coisinha que me podia ter acontecido. Depois do sufoco de estar dois anos a trabalhar solitariamente em casa como freelancer, de ter trabalhado das 9h às 23h grande parte dos dias, incluindo fins-de-semana, de ter descontado balúrdios para a segurança social, de ter de andar a preencher declarações do IVA trimestralmente, dei graças a todos os santos pelo full time, ainda que o miúdo só tivesse quatro meses, ainda mamasse e eu não tivesse tido coragem para falar em redução de horário para amamentação.
A verdade é que talvez tivesse apreciado o part time se a diferença para o salário que ganho (que não é nenhuma fortuna) não fosse grande, porque com menos do que isto seria muito complicado gerir as coisas. E, mesmo passando mais tempo em casa, não sei se encontraria um infantário onde pagasse menos se ele lá estivesse menos horas.
Não me posso queixar (muito) deste full time. Ganho menos do que mereço e do que seria justo para uma pessoa com os meus anos de profissão, mas o horário é simpático: das 10h às 17h, com meia hora para almoçar. Não me chateiam por aí além por ter de sair à hora a que o horário termina para ir buscar o meu filho, mas eu sinto-me pressionada todos os dias - como se todos os dias fosse avaliada a minha "falta de disponibilidade".
Antes de ter sido freelancer e de ter sido mãe, trabalhava em regime de horário total, sempre disponível, sempre a dar à casa as horas que fossem precisas, sempre disponível para trocar folgas e trabalhar nos feriados. Lembro-me bem que olhava "de lado" as mães que tinham de sair à "horinha certa". Agora estou eu no lugar delas e a revolução que eu queria era horários decentes para pais e mães, o fim dos olhares de lado para quem - sacrilégio! - tem família e tem de cuidar dela porque não tem empregada nem avós à mão de semear, e queria promoções à medida do esforço e da qualidade do trabalho em vez de promoções por conta do género, da disponibilidade ou do fazer de conta que não se tem família e filhos e que se está muito bem a trabalhar quase 24 horas por dia.
O meu marido tem um horário complicado, na maior parte dos dias sai à meia-noite, às vezes mais tarde, outras vezes mais cedo, mas nunca antes das 20h. Não é uma questão de disponibilidade, é mesmo uma questão da especificidade do trabalho. Ele adorava poder chegar a casa mais cedo, estar com o miúdo ao fim da tarde, jogar à bola, ir ao café, ao parque ou às compras como as "famílias normais" que ele vê quando faz uma pausa para lanchar e se angustia por saber que estou eu a dar conta de tudo sozinha e o miúdo está cheio de saudades à espera que ele chegue. Angustia-se ainda mais quando pode vir jantar a casa e depois tem de dizer ao miúdo que não podem brincar mais, que o pai ainda tem de ir trabalhar.
Se me fosse dada a oportunidade de trocar, com uma oferta do género: ele passa a trabalhar com um horário "normal" que lhe permite ir levar e buscar o miúdo ao infantário, tu passas a estar disponível para trabalhar as horas que quiseres ou que forem precisas e ainda tens direito a uma promoção que te vai chegar para - vejam só esta maravilha! - pagar a uma empregada para deixares de ocupar o teu tempo livre a esfregar casas de banho, aspirar, meter roupa na máquina, mudar camas, passar a ferro... Bom, então eu teria de dizer que a parte da empregada é realmente muito sedutora, mas não, obrigada. Eu mereço ganhar mais por aquilo que já faço, uma promoção para mais trabalho vai dar na mesma injustiça. E, essencialmente, digo não, obrigada, porque eu também quero acompanhar a vida do meu filho e não seria capaz de não estar presente.

Portanto, na verdade, a revolução que eu defendo é a mesma de que fala a especialista em Economia do Trabalho Maria do Pilar González no artigo "Profissão:mãe" da Notícias Magazine (o link para o artigo desapareceu): vai ter de haver uma mudança na reorganização da vida privada e familiar, porque a pressão que as empresas atualmente colocam nos seus empregados é insustentável. Exige-se total disponibilidade como se o trabalho doméstico não existisse, mas ele "existe, tem valor social e alguém tem de o fazer". Já que homens e mulheres trabalham fora de casa, devem partilhar o trabalho doméstico. Para isso seria preciso que os homens reivindicassem os seus direitos de paternidade e que as empresas achassem normal que eles os façam, defende a investigadora. Eu cá acho que era também preciso que as empresas deixassem de penalizar as mães que usufruem dos seus direitos de maternidade, mesmo achando normal que elas o façam.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

O que é que vocês mudavam no mercado de trabalho, no vosso emprego, nos vossos patrões, nas vossas vidas?

O dia 28 de abril é para assinalar na agenda (a ver se não me esqueço): esta senhora vai assumir a coordenação daquilo que pode vir a ser uma revolução (basta querermos - estamos aqui, estamos quase a transformarmo-nos numa segunda geração à rasca). A propósito disto e disto, temos andado a discutir coisas de mães a tempo inteiro, trabalhos a tempo parcial e trabalho não remunerado. Está na hora de nos centrarmos no mercado de trabalho - qual seria o indicado às nossas necessidades de mulheres e homens e de mães e pais trabalhadores? Todos os contributos são bem vindos. Façam o favor de participar.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Homens, mulheres e trabalho doméstico

Eu não tenho tempo para me debruçar aqui sobre o assunto, mas está a haver um debate espetacular aqui e está aqui um relato que já não é atual mas vale a pena ler - a propósito do relatório da OCDE divulgado ontem que diz que as mulheres portuguesas gastam mais quatro horas por dia do que os homens portugueses no trabalho não remunerado (trabalho doméstico, cuidar das crianças, etc, ou seja, aquilo que não é pago e não é lazer). E este aqui também é interessante.