Estou cansada. Penso em mudar de vida, mas depois pergunto que vida me daria direito a umas férias grandes com o meu filho. Era isso que eu queria. Não estar enfiada no trabalho enquanto está toda a gente de férias, dar ao meu filho o sabor de umas férias de verão decentes, memórias quentes de dias preguiçosos, sem pressas, sem nervos, sem doses massivas de dvd's infantis porque estou tão cansada que só consigo estar quieta no sofá e não consigo brincar com ele e já estou farta daqueles brinquedos e ele também deve estar, aquilo são coisas para brincar no inverno, quando sabe bem estar em casa. Com este calor deviamos andar na rua a comer gelados, nos baloiços ao fim da tarde, na praia ou na piscina, deviamos sentar-nos à porta de casa descalços a comer fruta fresca, mas não fica bem estar descalço na porta do prédio e e andar sozinha com ele na rua já não consigo, estou muito cansada.
Penso no que está mal e no que poderia mudar e constato que, mesmo que mudasse, teria na mesma de passar a roupa a ferro, fazer o jantar, limpar a casa, arrumar a roupa, separar a roupa para a meter na máquina, encher a máquina da loiça, esvaziar a máquina da loiça, pôr a mesa, levantar a mesa ao fim da tarde e isso é uma grande parte daquilo que me incomoda e me cansa. Mas não é a única. Se não andasse tão cansada talvez fosse mais fácil fazer isto tudo. Mas será que ganharia direito a umas férias mesmo grandes, dinheiro para uma casa e tempo para me sentar à porta dela ao fim da tarde?
Não sei bem o que é isto, se estou com uma súbita vontade de ser dona de casa ou se preciso desesperadamente de uma empregada.
quinta-feira, 28 de julho de 2011
terça-feira, 26 de julho de 2011
Um galo, uma galinha e um ovo
Talvez para se sentir mais acompanhado, vem para a porta da cozinha enquanto estou a fazer o jantar. Atira-se para o chão, tira os sapatos, tenta calçar os sapatos, fala com o peluche como se estivesse a falar para uma pessoa e também faz de conta que fala pelo peluche (ontem o boneco dizia "estou tão feliz!", mas não consegui apurar porquê). Diz "mãe quero ajudar" e eu lá tenho de lhe dar um prato de cada vez para ele ir pousar à sala, parar o que estou a fazer para ver se o prato chega ao destino (até agora tudo bem, e fica tudo perfeitinho no sítio certo), abrandar o processo de retirar a loiça da máquina para ele sentir que me está a dar uma grande ajuda. Também se dá ao trabalho de percorrer os armários para fechar as portas e gavetas que deixei mal fechadas, mas quando não há nada para fazer ele segue-me os passos, saltarica entre as minhas costas e a minha frente, está sempre no meu caminho, resolve abrir e fechar as gavetas e os armários, pergunta "o que é ito" tantas vezes que já perdi capacidade de reagir, e ontem resolveu rodopiar até cair. Não andes à roda, joão, senão cais e magoas-te, olha que ficas zonzo, joão... PUM! Cabeça contra a ombreira da porta da cozinha, chorou, chorou, olha para isto, fizeste um galo. "Snif, snif, e uma galinha?". Sim, um galo, uma galinha e um ovo, essa cabeça está uma desgraça, não podes andar à roda.
sexta-feira, 22 de julho de 2011
O meu filho é um barco
Ontem não foi a primeira vez que usei brincos desde que ele nasceu, mas os brincos de ontem eram mais compridos do que o habitual e deviam ter um certo "je ne sais quois" que o fascinou. De manhã perguntou-me todo dengoso "o que tens?" e eu disse-lhe "são uns brincos". À noite insistiu, repetiu a pergunta, eu repeti a resposta e perguntei-lhe "gostas?". Ele disse "sim, são como as jewel pets". Ah? Eu sei que são uns desenhos animados, a que ele normalmente ele não dá grande atenção, e também por isso fiquei admirada com a comparação. Ainda perguntei se os jewel pets usam brincos, mas ele já não estava na mesma onda. Agora ocorreu-me que os bonequitos usam nas mãos uma espécie de varinha mágica que pode ser considerada parecida com os brincos e acho que só estou a escrever isto porque a minha vida às vezes parece um manicómio e ele hoje de manhã estava tão acelerado que me deixou zonza para o resto do dia. Fez corridas no corredor, tirou um sapato para enfiar lá dentro uma tosta, primeiro quis papa, depois quis as minhas torradas, depois as tostas, lembrou-se de fazer xixi quando já estavamos à porta do elevador, ele todo descontraído e saltitão, eu com não sei quantos sacos no braço, o da praia, o da roupa para vestir depois da praia, mais o boneco para ele adormecer, e o saco da minha comida, e a carteira, e acabei por me esquecer dos óculos porque tive de pousar tudo para ele ir à casa de banho, sempre aos saltos, sempre a mexer-se, hoje enquanto o vestia disse-lhe que ele parecia um barco, porque parecia mesmo, eu a tentar pôr-lhe o creme protetor e ele a navegar.
quinta-feira, 21 de julho de 2011
Coisas novas não!
O casaco era novo (3,99 nos saldos da Lefties) e ele não gosta de coisas novas. "Não quero, não quero!", "quero o outro", o outro foi para lavar, estava sujo, "mas eu quero!", mas não pode ser, enfiei-lhe o casaco com ele a espernear no chão, foi chorar pelo caminho, tive uma conversa sobre o assunto (parece que os outros miúdos adoram estrear coisas) com a empregada do prédio que encontrei à saída do elevador e depois lembrei-me que já no outro dia, quando ele nos viu a entrar na sapataria onde lhe comprei as sapatilhas que ele também não queria mas agora adora, atirou logo "não, não" e ia começar a fugir com a perspetiva de mudar de calçado, mas sossegou quando lhe disse "não é para ti, é para o pai".-
Tal mãe...
Sobretudo nos dias em que estou mais cansada, falo para ele e o que ouço é a minha mãe. As mesmas frases, os mesmos ralhetes e, sobretudo, o mesmo tom de voz. Assustador. Ele anda desde há algum tempo a responder com uma espécie de guinchos irritantes (nãaaaaaaaaooooooo!") que acho que são culpa minha.
quarta-feira, 20 de julho de 2011
E porquê, e porquê, e porquê????????
Domingo, no Parque:
- O parque?
- Está aqui, filho, estamos no parque
- O parque?
- É isto, o parque é isto, tem árvores, relva...
- O parque?
- Sabes, há dois tipos de parques, os que têm baloiços e os que não têm. Este não tem.
(cinco minutos depois fomos embora e começo a achar que devia queixar-me a alguém pelo facto de a cidade do Porto não ter suficientes parques infantis com baloiços, que é desses que ele gosta)
Sábado, no Pingo Doce
- O meu gelado?
- Já vamos comprar, agora é preciso levar tomate, courgette, alface...
- E o meu gelado?
- Agora vamos ali aos iogurtes...
- E o meu gelado?
- O teu gelado vai ser a última coisa a levar, está bem?
- Sim... O meu gelado?
já na caixa:
- Este é o meu gelado?
- Sim
- É o meu gelado?
- Sim, é o teu gelado
- Este é o meu gelado?
- Olha, sabes, é o teu gelado, mas só vais comê-lo depois do jantar
Todos os dias:
- O que é ito?
- Não sei...
- O que é ito?
- É um ovo
- Não, o que é ito?
Em contrapartida:
À chegada do parque:
- Vamos ao parque comer um gelado?
- (ups) Não, sabes porquê? A mãe não trouxe dinheiro (não tinha mesmo). Noutro dia dou-te, está bem?
- Sim
Na sexta-feira:
- Posso comer gelado?
- Não, hoje é uvas (para a sobremesa), comes amanhã
No sábado, ao almoço:
- Hoje é gelado?
- Sim, vou buscar
E abro a porta do congelador e nada, tinham acabado.
- Olha, afinal não há, comes logo, pode ser?
- Sim
- (Ufa)
- O parque?
- Está aqui, filho, estamos no parque
- O parque?
- É isto, o parque é isto, tem árvores, relva...
- O parque?
- Sabes, há dois tipos de parques, os que têm baloiços e os que não têm. Este não tem.
(cinco minutos depois fomos embora e começo a achar que devia queixar-me a alguém pelo facto de a cidade do Porto não ter suficientes parques infantis com baloiços, que é desses que ele gosta)
Sábado, no Pingo Doce
- O meu gelado?
- Já vamos comprar, agora é preciso levar tomate, courgette, alface...
- E o meu gelado?
- Agora vamos ali aos iogurtes...
- E o meu gelado?
- O teu gelado vai ser a última coisa a levar, está bem?
- Sim... O meu gelado?
já na caixa:
- Este é o meu gelado?
- Sim
- É o meu gelado?
- Sim, é o teu gelado
- Este é o meu gelado?
- Olha, sabes, é o teu gelado, mas só vais comê-lo depois do jantar
Todos os dias:
- O que é ito?
- Não sei...
- O que é ito?
- É um ovo
- Não, o que é ito?
Em contrapartida:
À chegada do parque:
- Vamos ao parque comer um gelado?
- (ups) Não, sabes porquê? A mãe não trouxe dinheiro (não tinha mesmo). Noutro dia dou-te, está bem?
- Sim
Na sexta-feira:
- Posso comer gelado?
- Não, hoje é uvas (para a sobremesa), comes amanhã
No sábado, ao almoço:
- Hoje é gelado?
- Sim, vou buscar
E abro a porta do congelador e nada, tinham acabado.
- Olha, afinal não há, comes logo, pode ser?
- Sim
- (Ufa)
3 da manhã
Acordou eram 3h da manhã, quase quatro. Ouvi-o gritar mãe, mãe, peguei na garrafa de água que tinha ao meu lado e entrei no quarto dele. "Mãe, queres deitar comigo?". Eu ainda não tinha visto que horas eram, mas optei por um "não, a mãe não pode". Ele passou à vontade seguinte: "Posso ir para a cama da mamã?". Nem pensar, da última vez que passámos a noite juntos estiveste o tempo todo a dar-me pontapés e ias fugindo da cama num aparente ataque de sonambolismo sem precedentes. "Não, ainda é muito de noite. Dormes aqui e depois de manhã podes ir para a cama da mamã, sim?". Ele disse que sim, virou-se para o lado e adormeceu. E não, de manhã não foi para a minha cama, que eu levantei-me às 7h e ele ainda dormia.
sexta-feira, 15 de julho de 2011
Férias
Rumámos ao Alentejo logo no início das férias, ainda sem o abrandar do trabalho, do cansaço, das rotinas. Quando cheguei e vi aquele mundo cheio de nada para fazer, a televisão mínima só com quatro canais, os mosquitos carnívoros, as noites mais frias do que o esperado... pensei que talvez me fosse aborrecer um bocadinho. Até me atafulhei de revistas parvas, só por precaução, mas não foi preciso. Ao fim de dois dias já estava a pensar que não me apetecia voltar, que se estava bem era ali, naqueles dias em que a nossa maior preocupação era que o joão ficasse quieto para lhe pormos o protetor solar (e as birras, pronto, mas isso foi só um dia), em que tinhamos a companhia de um burro maluco por estendais, de duas éguas e um potro, quatro cães e um céu mesmo estrelado. Passo por férias como esta sempre com a mesma sensação: a de que não precisamos de muito, não precisamos de tudo o que temos, mesmo que nem tenhamos muito. Os quatro canais de televisão chegaram e sobraram. Comemos massa com frango ou frango com arroz nos dias em que fizemos refeições em casa. Levei meia duzia de peças de roupa e nem as usei a todas. O joão passou a andar o dia todo com a mesma roupa, porque por mais que lha mudasse ele sujava-se cinco segundos depois. E não me preocupei com arrumações e desarrumações, limpei a minha cabeça e fiquei muito melhor, mesmo no regresso. A rotina só agora está a começar e sinto-me bastante preparada para a enfrentar com mais descontração. Mas o que eu gostava mesmo, até porque a malta que está de férias não pára de mandar fotos de fazer inveja, era continuar de férias, ter aqueles três meses de pasmaceira que tinha quando era miúda, sentir que é Verão.
quarta-feira, 13 de julho de 2011
A fase do xixi já passou, passamos à seguinte
Já pede sempre para fazer xixi, mesmo quando está a entretido a brincar (excepção para o xixi que fez na semana passada na ikea, enquanto estava sentado num banquinho entretido na zona das crianças junto às devoluções/levantamentos/transportes, mas nesse dia não dormiu à tarde). Hoje, na escola, começa o desfralde da fralda da sesta, mas para o teste ser a sério era preciso que dormisse, coisa que não anda com muita vontade de fazer durante a tarde. O resultado varia entre birras sucessivas e uma energia dificil de acompanhar.
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