segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Mentirinhas

Ela uma vez escreveu sobre isto, mas eu na altura ainda não me tinha iniciado nestas coisas das mentiras, pronto, vou ser piedosa, das mentirinhas que contamos aos nossos filhos, das histórias inventadas para os convencer a comer a sopa (não é o caso do meu, que come a sopa muito bem, mas temos outros problemas) e dos medos que lhes metemos (coisa estúpida, estamos assim tão desesperados?). Mas pronto, agora comecei. Acho que não foi só agora, mas a última semana teve uma elevada concentração destes episódios. Nunca fui muito destas coisas, preferia ouvi-lo chorar até ao fim do que tentar enganá-lo ou distraí-lo com outra coisa. Mas depois de uma tarde e uma manhã inteira a vê-lo correr, alheio aos ralhetes (será que os ouvia? estava sempre a correr...), mesmo depois de um susto de morte em que vi um carro aproximar-se e ele não parava de correr, uma senhora que vendia santinhos à porta da catedral deu-me a ideia. Te quedas conmigo? Tentou dar-lhe a mão, ele não quis, correu para nós, e a senhora a dizer que ele tinha de dar a mão aos pais, senão ficava com ela. E pronto: "Estás a ver, aquela senhora fica com os meninos que não dão a mão aos pais". Podia ter ficado por aqui, mas quis dramatizar para ver se acabava com a correria de uma vez por todas. "E depois entrega-os à polícia...". Mais uns passos, mais uma corrida e estavamos numa varanda a ver a esquadra da polícia lá em baixo. "Estás a ver, e depois os meninos ficam aqui na polícia e os pais têm de os vir buscar e nem sempre os encontram" (cruel, estava mesmo desesperada). Hoje queria-lhe vestir a bata e ele iniciou uma birra, não hesitei: "Olha que o F. hoje já vai à escola e leva a bata vestida, ainda agora o vi passar ali na rua e levava a bata". Foi remédio santo. Confesso que não gosto muito disto. Mas há momentos em que gosto menos das birras.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Tão fofinho, logo pela manhã...

Levantei-me, tomei banho, penteei-me (juro que sim), fui acordá-lo, espreguiçou-se, abri a persiana, baixei-me ao lado dele, ele ainda a espreguiçar-se estica uma mãozinha em direção a mim, pergunto "o que foi filho" e ele diz: "Estás despenteada!"

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Agosto pode ser um mês complicado

Ontem, à saída da escola:
- Onde vamos?
- Vamos para casa
- Mas eu não quero... Vamos ao café, comer um gelado?
- Não, hoje não pode ser, temos de ir fazer o jantar, comes depois uma fatia do bolo da mãe

Já no carro, a chegar a casa
- O francisquinho não tem ido à escola...
- Se calhar está de férias...
- Não, está na praia!
- Pois, tu também já estiveste de férias na praia, não foi?
- Posso ir à praia?
- Hoje não pode ser, temos de ir para casa fazer o jantar
- Mas hoje está calor...

(quando lhe disse o "hoje não pode ser" estive para lhe dizer que para a semana estamos de férias e que nessa altura ele pode ir à praia, mas quis evitar expetativas que podem ser defraudadas pela metereologia)

34

Tive a surpresa de dois muffins feitos de madrugada especialmente para o meu pequeno-almoço e foi uma surpresa tão bem preparada que só a descobri depois de ter tomado o pequeno-almoço. E tive um vestido que não foi supresa porque fui eu que o escolhi mas que era tão giro o resto são detalhes. E fui beber um sumo de morango em frente ao mar e tive a surpresa de ter um amigo que quis preparar-nos o jantar para eu não ter de fazer mesmo nada (eu só ia buscar comida já feita, mas ele achou que não devia).

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Quase 34

Como boa egocêntrica que sou, sempre tive expectativas muito elevadas em relação ao meu aniverário. Nunca correspondidas, claro. Quando era miúda, o meu dia de anos era o dia do ano em que toda a família se reunia. Eu, em vez de perceber como era bom que a família estivesse toda reunida e que o meu aniversário fosse aquela festa toda, achava mal que o dia que devia ser para mim fosse para todos. E que todos parecessem mais centrados nos comes e bebes do que em mim. Depois comecei a fazer festas com os amigos, mas nunca ninguém me fez uma festa surpresa, e eu sempre quis ser surpreendida com uma festa. Ao mesmo tempo, tenho com esta festa surpresa que nunca tive uma relação de amor-ódio, porque sou uma egocêntrica tímida que foge quando é o centro das atenções, e também uma gaja que gosta de pensar e planear tudo, e dois segundos depois do fator surpresa já estaria a pensar na roupa que devia ter vestido, nos mil e um inconvenientes daquela festa, das horas a que me ia deitar, das horas a que teria de me levantar no dia seguinte para ir trabalhar. Sim, sou uma parva perfecionista e obcecada que não consegue descontrair, eu sei, mas tenho melhorado. Estou quase a fazer 34. Sem perspetivas de festa, de grandes prendas, só um bolo e os meus dois rapazes, talvez um almoço, não sei se me apetece ir ao cinema ou à praia e sinceramente não me interessa. Não preciso de grandes coisas para ser feliz, só nós chega.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Cansaços

Estou cansada. Penso em mudar de vida, mas depois pergunto que vida me daria direito a umas férias grandes com o meu filho. Era isso que eu queria. Não estar enfiada no trabalho enquanto está toda a gente de férias, dar ao meu filho o sabor de umas férias de verão decentes, memórias quentes de dias preguiçosos, sem pressas, sem nervos, sem doses massivas de dvd's infantis porque estou tão cansada que só consigo estar quieta no sofá e não consigo brincar com ele e já estou farta daqueles brinquedos e ele também deve estar, aquilo são coisas para brincar no inverno, quando sabe bem estar em casa. Com este calor deviamos andar na rua a comer gelados, nos baloiços ao fim da tarde, na praia ou na piscina, deviamos sentar-nos à porta de casa descalços a comer fruta fresca, mas não fica bem estar descalço na porta do prédio e e andar sozinha com ele na rua já não consigo, estou muito cansada.
Penso no que está mal e no que poderia mudar e constato que, mesmo que mudasse, teria na mesma de passar a roupa a ferro, fazer o jantar, limpar a casa, arrumar a roupa, separar a roupa para a meter na máquina, encher a máquina da loiça, esvaziar a máquina da loiça, pôr a mesa, levantar a mesa ao fim da tarde e isso é uma grande parte daquilo que me incomoda e me cansa. Mas não é a única. Se não andasse tão cansada talvez fosse mais fácil fazer isto tudo. Mas será que ganharia direito a umas férias mesmo grandes, dinheiro para uma casa e tempo para me sentar à porta dela ao fim da tarde?
Não sei bem o que é isto, se estou com uma súbita vontade de ser dona de casa ou se preciso desesperadamente de uma empregada.