quarta-feira, 13 de agosto de 2008
A barriga está maior e ele cada vez mais presente, na dimensão e nos movimentos. Ficou ainda mais difícil pensar noutra coisa que não seja o bebé, e eu achava que já pensava muito. Distraio-me do que me dizem ao telefone, porque ele está a mexer e eu quero sentir e ver tudo. Páro a escrita porque a barriga parece diferente e quero tentar perceber-lhe a posição. Recomeço a escrita aqui porque, depois de parar o que estava a fazer pela milésima vez ao dia, mais vale escrever sobre isto, e com isso tenho transformado este blog num babyblog. Ao fim do dia, quando me deito no sofá, consigo passar horas a olhar para a barriga a mexer e pergunto-me quantas horas conseguirei ficar só a olhar para ele. Faço-lhe muitas festinhas e penso que a gravidez realmente é uma coisa imensa. Nestes nove meses treina-se tudo: a paciência, com o tempo que nunca mais passa, com a barriga que primeiro parece que não cresce e depois cresce e pesa, com as hormonas que nos deixam irreconhecíveis e que não nos deixam outro remédio senão ter isso mesmo - paciência, até que passe; a ansiedade e as dúvidas (estará tudo bem? isto será normal? será que vai ser perfeitinho? será que vai doer? será...); o cansaço, com o peso do inchaço nas pernas e a Ikea ou as prateleiras do supermercado para percorrer mesmo assim, com as noites que passamos a dormir sem estar bem a dormir, porque sonhamos como umas tolas e só podemos acordar cansadas ou porque passamos o tempo todo a arranjar posição para a barriga; e o afecto (incrível este sentimento que começa já agora, quando ainda nem sequer o vimos e damos por nós perdidos de amores, de um afecto que nunca tínhamos tido). Imaginar que tudo isto vai crescer quando ele nascer nem é o que me fascina mais. O que realmente me intriga é já sentir tudo isto (e realmente não se consegue explicar).
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