quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Querido Pai Natal:
Sei que já fiz vários pedidos, mas estive a pensar melhor e o que realmente preciso, o que realmente mudava a minha vida, era uma empregada doméstica. Não são precisas muitas horas, bastava que me passasse a ferro, que o resto eu faço. As horas da minha vida que desperdiço a meter roupa na máquina, a tirar da máquina, a estender, a apanhar do estendal, a meter no secador, a tirar do secador e a passar a ferro, essas horas são o que realmente me custa. Sinto que estou sempre às voltas com a roupa, que quando podia parar e brincar com o meu filho ando a arrastar cestos de roupa de um lado para o outro. Essas horas deixam-me triste, com rugas na testa, sem sorrisos para dar porque estou corroída por dentro do peso da tarefa que, ainda por cima, vou fazendo enquanto faço outras coisas (enquanto faço o jantar, enquanto o joão come, enquanto lhe trato dos mini-lanches de banana, cenoura, tomate e de tudo o resto que ele se lembra antes de tomar banho). Sei que pode ser difícil de entender, Pai Natal. Contado assim nem parece muito lógico que a tarefa incomode tanto, mas o que estou a dizer é verdade - eu seria uma pessoa muito mais leve se conseguisse tirar o peso da roupa de cima de mim. No fim do dia da mulher do ano passado ocorreu-me que, no ano seguinte, em vez de votos de Bom dia da Mulher e outras simpatias do género, o que eu precisava mesmo era uma máquina de lavar a loiça. Ela veio no pacote da casa nova e, embora esteja meia avariada, mudou a minha vida. Agora precisava disto, Pai Natal, mas nem sei se vais receber esta carta, porque a verdade é que ninguém lê este blogue e portanto estou só a escrever para mim mesma. Mas admitir o problema é sempre um primeiro passo para o resolver e, se não for este Natal, pode ser que seja no próximo...
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5 comentários:
lá por a malta ser pouco dada a comentários não quer dizer que não leia o blogue... boa sorte com a ajuda necessitada para a roupa! bj
oh pá, mas sem comentários fica a sensação de se estar a escrever para o umbigo, e se é para isso mais vale voltar à old fashion way dos diários escritos à mão...
O dinheiro mais bem gasto da minha vida é com a nossa Rosa. Dois dias por semana, está em nossa casa, limpa, lava, arruma e toma conta da menina. E ainda nos deixa o jantar feito. Mesmo assim, ainda tenho bastante que fazer. Mas são coisas que posso fazer com a minha filha, como as compras da semana. Não tenho que tratar de roupas, muito menos passar a ferro e posso passar tempo a brincar com ela, no pouco tempo com ela que esta merda de vida de trabalho e deslocações e tudo nos concede. Faz as contas e arranja uma pessoa´para limpar e passar a ferro. Vais ser muito mais feliz.
Nem sempre tivemos a Rosa, passamos uns meses amargos e eu senti essa negra frustração de ter que trocar tempo de mãe por tempo de trabalho doméstico. Fico sem dinheiro para extras, é certo. Temos uma televisão velha em vez de um plasma, mas dois dias por semana respiro lavado naquela casa e não tenho que passar a ferro.
Se entendi mesmo o seu post, acho que este problema está sendo mundial. Cadê as domésticas para nos ajudar? E eu que o diga, pois trabalho justamente com elas. Por aqui está dificil, pelo visto aí também! Só resta mesmo esperar que um dia fabriquem mais máquinas que façam tudo.
Parabéns pelo post. E vamos torcer que papai noel,atenda o seu pedido.
Quer ver o blog da empregada domestica? Vou ficar muito feliz! Boas Festas!
O problema não é a falta de empregadas domésticas. A verdade é que nem sequer procurei, mas, que eu saiba, não estão em falta. O problema é que não ganho o suficiente para ter uma e não tenho tempo nem capacidade suficiente para tratar de tudo. De maneira que este pedido ao Pai Natal não me vale de nada, a não ser como forma de me convencer que serei muito mais feliz se tiver alguém para me ajudar e que, por isso, tenho de poupar algures para conseguir pagar a alguém que me ajude. E este comentário aos vossos comentários é uma maneira de continuar a repetir isto a mim mesma.
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