segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Nervos

Sempre fui uma gaja nervosa/enervada e sempre detestei isso, tal como sempre detestei que me criticassem os rompantes, que me mandassem ser menos impulsiva, que não dissesse tudo o que me vinha à cabeça porque nem tudo (ou quase nada) era agradável para os outros. Aos poucos fui cortando os meus impulsos, mas não sei se sou uma pessoa melhor ou pior por isso (se calhar sou melhor para os outros e pior para mim). Agora dou por mim a enervar-me e a ficar nervosa por causa dos impulsos do miúdo, porque ele é trapalhão e não pára quieto, e continuo a não gostar mesmo nada destes nervos, e muito menos de achar que devia ter continuado absolutamente tranquila quando estou na caixa do supermercado e tenho de passar a correr pelas pessoas que estão atrás de mim (e que vão ter de esperar por mim) para ir buscar o miúdo que decidiu explorar o espaço comercial de onde devíamos estar a sair, e ele diz que não, e atira-se para o chão e vem o resto do caminho quase a arrastar-se pelo chão. Depois, a meio do caminho, fico desesperada porque não consigo que ele perceba que não lhe posso dar colo, que levo os braços carregados de sacos e não posso mesmo, não é má vontade, filho, é que não consigo. E ele chora e foge, e depois de três ou quatro "joão, anda cá, não fujas, temos de ir para casa" em modo tranquilo tenho de lhe gritar, ele chora sentido porque lhe gritei e a mim apetece-me chorar por lhe ter gritado, por ser uma mãe histérica que grita com os filhos rua e no supermercado, por ser como aquelas mães que eu abominava quando ainda não era mãe. É isso que hoje em dia me irrita mais do que tudo - não ser uma mãe tranquila e paciente o tempo todo, sobretudo no meio da rua (isso e ainda não ter aprendido que as idas ao supermercado sozinha com ele não podem nunca ser longas e muito menos implicar compras que me ocupem os dois braços, sobretudo quando o carro ficou em casa).

1 comentário:

Anónimo disse...

Vida dura! Quando me dizem "então e um irmãozinho?!" é nisso tudo que penso e, sinceramente, não me apetece nada repetir essas fases. Se já nascessem com pelo menos dois anos não hesitava, mas assim... Sem ninguém para ajudar, para além do pai, claro...
Rapidamente cheguei à conclusão que era impensável levar o rapaz comigo às compras, apesar de ele não ser de fazer birras. Desdobrava-me para as conseguir fazer antes de o ir buscar porque o tempo que poupava no processo, assim como a despreocupação com que fazia as compras, era muito, muito compensador.
Hoje, quase com 5 anos, já dá. Demoro mais mas gosto de ver o prazer que tem em explorar o espaço e gosto, sobretudo, de ver a maturidade com que encara as minhas recusas em comprar alguma coisa. Nunca foi de bater o pé, de se deitar no chão nem de fugir, mas chorava "baba e ranho" quando queria alguma coisa e eu não dava. Hoje continua a testar-me até ao limite mas já sabe quando não adianta insistir mais.
Vais ver que com o tempo melhora. Eu aprendi a controlar os meus impulsos e também só me apetece chorar quando perco a paciência e grito. Digam o que disseram, não é mesmo nada fácil... Mas melhora com a idade!
bj,
Maria